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O livro dos livros

Histórias e revisão de histórias, por Eliz B. 

26 abril, 2009


O livro das continuações

# xviii


O poder que os quietos têm para vencer a memória faz-me sentir impotente. Sou crescentemente recordações e por elas, incapaz de esquecer. Isto habita-me com a mesma improbabilidade da comunicação e do amor. Não troco a proposição de Luhmann pelo uso do twitter. Não tenho urgências na puta da vida. É muito o que me espera para que, como sorte escrita, eu possa lembrar com vagar o que já esperei. Sou continuando a ser, isto sei. No entanto não sei se, sendo, sou continuação ou sou substituição. ____________________ Conheço um desvio que pode levar-me mais longe. Esse desvio és tu. Começo a crer que foste a desculpa melhor que tive para afastar-me de ti e de mim, sem regressar. Às vezes ainda me sinto perdida, ainda faço gestos que não têm destinatário. Sou capaz de perder-me mesmo diante do espelho, consumida na e pela evidência do reflexo de que sou simultaneamente motivo e testemunha. Acrescento-me ainda com a soberania de que, desde o meu - não o nosso - afastamento, não prescindo. Às vezes ouço vozes, sabes? Sou a senhora delas, a habitação de que precisam.

referência

12 abril, 2009


O livro das continuações

# xvii


Vozes demasiadas são trovoada. Levanto-me como se só eu pudesse acordar e fosse imperioso fazê-lo. _____ Coisa estranha, agora tenho na cabeça, sinto-os, aqueles efeitos de distorção grossa dos retratos de Lucian Freud. Bem, bem vistas as coisas, não há distorção, há representação. É isso, a representação, o que mais aprecio também no traço preto de Hugo Pratt, nas figuras de Corto Maltese. Parecem vivas, vivas como nós, embora sejam desenhos, desenhos em prancha, em páginas para passar e virar. Às vezes gosto de sonhar acordada, de envolver-me com as personagens de uma aventura do veneziano, de estar ao lado delas, de estar com elas. Qualquer pessoa deve poder viver dentro de uma banda desenhada. Pelo menos algum tempo, não tem de ser a vida inteira. Viver dentro de uma banda desenhada não é uma expressão minha. Repito-a apenas. Ouvi-a ou li-a por aí, não sei onde. Facto que está a inquietar-me. Tenho a obsessão do rigor. Que não é o mesmo que a obsessão da perfeição. O rigor remete para o processo, a perfeição remete para o resultado. Pode atingir-se a perfeição sem rigor, do mesmo modo que com rigor pode atingir-se a imperfeição. Mas, de um modo ou de outro, são maneiras de permitir a continuação, o afastamento, o ritmo. É por aí que vou.

referência

2006/2022 - Eliz B. (danada composta e padecida por © Sérgio Faria).