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O livro dos livros

Histórias e revisão de histórias, por Eliz B. 

24 maio, 2009


O livro das continuações

# xx
.

Tenho que concentrar-me, arrumar a cabeça. O vício da morte persegue-me novamente. Estou para a indolência dos gatos, as manhãs e as tardes, capaz de demorar e esperar o corpo agora, de modo a que seja um momento eterno, que há-de acabar, mas que se sente infinito, para além do tempo estrito, as horas, as dobras, a sequência longa pela qual me faço presente e entrego a mim. _______________ Pensava que estava preparada para tudo, não estava. Atrelada a um universo de silêncios que crescia à medida que eu perdia a recuperação e a repetia em vão, tornei-me principiante. I’m an absolute beginner.* O que já não tenho é a inocência do princípio. Afastei-me dos sinais. Deixei de mandar postais. _____ A ressaca é quase perfeita, entranha a tristeza no meu corpo, domina as minhas mãos. Como represália, faz-me cair inteira, embora não necessariamente íntegra. É demasiado vago ou nada o que amortece a minha queda. Comungo o chão. _______________ Tudo está bem quando alguém sente que está com o tempo que lhe pertence. Comigo é diferente. Excedo a oportunidade, a vantagem marginal de quem termina. Tenho o coração calafetado, a sístoles certas e equívocas. Segredo nenhum tenho para revelar. Pretendo apenas continuar. A solidão, talvez o que é mais preciso em mim, convoca-me para a continuação. Não cedo a acasos. É o que quero.
__________
* verso da canção “Absolute beginners” (in Absolute Beginners, Virgin Records, 1986), de David Bowie.

referência

10 maio, 2009


O livro das continuações

# xix
.

Sou o corpo imprimido no lugar da perda dele. Já não falo da hipótese da abundância, dos tempos que confluem na oportunidade. Esqueci, quero esquecer, embora não esquecer absolutamente. Na verdade não quero esquecer, quero apenas não sentir-me obrigada à presença. Da liberdade? Solto-me, não nasci solta. __________ A contracção do nome. O silêncio desenhado subitamente. _____ Sinto o corpo a convocar-me para a dissidência, para a sobra do combate. Já não se podem fazer substituições, foram esgotadas durante o tempo regulamentar da luta. A luta continua. Agora é o período dos descontos, a compensação. A luta continua. Habituo-me ao chão. Sou moça de bataclan e sozinha, não sou rapariga de bondage sindical, de palavras de ordem e marchas pelo serviço e pelas causas do serviço. As combinações fazem-me mal. _______ Atiro-me para o chão, para o contacto e para o contrato, para a identidade. Perdi a identificação, não o trabalho. No corpo desanimado, no que cai e em que vou, sou dona de casa, sou dona de mim, senhora das vozes pronunciadas de nada, vozes que ouço. O chão é a condição do meu regresso, talvez até porque regresso. Agora o chão é a minha habitação. O que quero? Quero apenas continuar, ser sedição. A solidão não me basta.

referência

2006/2022 - Eliz B. (danada composta e padecida por © Sérgio Faria).