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O livro dos livros

Histórias e revisão de histórias, por Eliz B. 

25 fevereiro, 2007


Acácia, meu amor



# xxi. A estação das chuvas perturba-me, do mesmo modo que perturba o mais que é na savana. Mas perturba-me com outro método, não pelo sobressalto, mas pelo recolhimento. A chuva serena a brasa, lava-a, abafa os ruídos, inunda os chãos. O nosso lugar é o mesmo, porém transformado. É o mesmo, o continente que nos é íntimo, mas molhado. A maior diferença reside no facto de, sob tais condições meteorológicas, ninguém correr. Eu sou um exemplo dessa metamorfose. Em mim, o que é necessidade adormece. Acompanho a chuva, a sua trajectória, guardado em ti, meu amor. O mais que faço é esperar, não de esperança, simplesmente de espera, que é uma das manobras que executo melhor. Nenhuma chuva é eterna. Por isso, sei que, depois da perturbação, tornará o regime dos hábitos e das necessidades. Regressar-me-á a fome. E não demorará que eu volte às corridas. Por ora olho as gotas de água a precipitarem-se sobre a tua pele, sobre a minha pele, sobre as nossas peles, a fronteira dos nossos corpos, pela qual se prometem e encontram um ao outro, um para o outro.

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18 fevereiro, 2007


Acácia, meu amor



# xx. Tranquilidade... Há muito tempo que não dizia esta palavra, tranquilidade. Que significa a alma sossegada pela carne, o corpo apaziguado pela sua dieta. Sabes?, após a consumação de cada vítima acontece-me uma espécie de plenitude. Não sei explicar, mas é como se fosse a conformidade com o cerco, com o alimento, com a tua fibra, meu amor. Com tudo, como num reencontro de alguém consigo mesmo, numa exactidão impressionante, em que, excepto tu, ninguém mais é necessário. Sei que não será sempre assim. Sei que, depois, um dia virá a falência, virá um princípio novo. Virá a inquietude, pela fome ou pelo instinto. Antes, porém, reservo-me sobre ti, meu amor. Com a indolência e a tarde morna, sou contigo. Até que a noite me acorde o desejo ou a necessidade.

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11 fevereiro, 2007


Acácia, meu amor



# xix. Que mais posso dizer-te?, hoje é dia de alerta. Tento ver o que não vejo, não ser traído pelo engano ou pelo espanto. Tento.

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10 fevereiro, 2007


O livro das falências

i.

Só nós dois, matérias diferentes, ambos nós, é que sabemos o que é sofrer. E depois, sim, depois, quando foi a última vez que sentiste uma mão tocar-te? Sofrer não é ser e estar torcido apenas, permanecer dobrado e vincado na própria carne. Sofrer é o abandono também, o nosso, a erosão pela oxidação, pelo corte. E ainda há quem fale sobre a liberdade... Ninguém mais do que nós sabe o que é a liberdade. Sem favor, apenas pela competência, pela utilidade, segurámos liberdades, prendemos coisas. Pelo que, hoje, o que mais dói, a nós, ambos nós, é a desistência de nós e o que essa desistência significa, a inutilidade de uma função, a função por que somos fomos.

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04 fevereiro, 2007


Acácia, meu amor



# xviii. Ai, ai. O sossego é o corpo saciado, a carne a macerar em carne, em digestão. É nesse estado que me deito e estendo o corpo sobre ti, meu amor. A brisa corta, dissolve o perfume do sangue, leva-o. Agora apenas nós permanecemos, a minha pele sobre a tua, na quietude dos amantes. Nós dois, tu e eu, apenas, nada ou ninguém mais. E, sabes?, assoma-me um ritmo de cadência demorada, a carne vence-me a partir de dentro. Por isso, por instantes reservo-me a contemplar a frente, a sentir o tempo escorrer. Olho a perder, sem atenção. Depois do sossego, cresce-me a letargia. É sempre assim. Não tardará o sono. Guarda-me, meu amor. Hoje não correrei mais. Estou e estarei apenas para ti. Guarda-me.

referência

2006/2022 - Eliz B. (danada composta e padecida por © Sérgio Faria).