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O livro dos livros

Histórias e revisão de histórias, por Eliz B. 

25 março, 2007


Acácia, meu amor



# xxv. Sob as horas do crepúsculo, a plataforma da savana quase que se recolhe. Torna a quietude ao que, antes, o sol animou. Mas se calha as horas do crepúsculo encontrarem em mim as horas da necessidade, pulsa-me uma vibração forte. Por esse impulso, o meu corpo contrai-se, o modo predador estabelece-se on. Foco um escopo largo, com presas alternativas. Estendo os músculos. Ensaio as garras. A partir de determinado limiar, antecipo o movimento, como no cinema. Uma prolepse. E em silêncio discorro quase uma oração. Necessito de ti, como se a tua carne me fosse uma promessa, justamente por eu ser o destino da tua carne.

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18 março, 2007


Acácia, meu amor



# xxiv. Às vezes, o mais difícil é ser quem se é, simplesmente ser-se. Porque, depois, vem a pergunta «onde é que estás?» e a essa interrogação não pode responder-se com sinceridade, porque estar é ser difícil. E o mundo - ai, preguiça, que moras em mim - é muito grande.

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17 março, 2007


Livrete dos ilustres

# i. Chama-se Pedro Pã. É rústico nos modos. Muitas vezes brusco, quase sempre sincero, não raro mobiliza vocabulário deselegante ou ordinário. Recorrentemente sente desconforto nas sessões de salão académico que frequenta, mais por necessidade ou sugestão do que por vontade. Não sabe o que é o surrealismo, nunca ouviu falar sobre epistemologia ou hermenêutica. Na sua modéstia, julga que a realidade é uma senhora muito séria, vestida com sobriedade, que se manifesta com clareza e é compreendida por todos de igual modo. Não conhece pessoalmente essa senhora. Também não necessita. Guarda rebanhos. Sabe ordenhar cabras.

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11 março, 2007


Acácia, meu amor



# xxiii. O império do sol tem um efeito combinado em mim, anima-me e assenta-me. Numa parte longa da demora, da tarde, triunfa-me a preguiça, o descanso. O corpo sente-se e ressente-se, mantendo-se reserva. Quase como se fosse uma flor, limita-se a receber a energia tonificadora da luz. Pela fotomassagem, a sesta conforma-me ao regime da necessidade. Conforma-me também a ti, ao teu corpo, onde me guardo. Depois bocejo, estendo os membros, preparo-me para a penumbra. Mas não já, meu amor. Porque agora ainda persiste a preguiça. Hoje, a noite pode esperar. Hoje, faço o meu tempo. E faço-o contigo, meu amor.

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04 março, 2007


Acácia, meu amor



# xxii. Sabes?, meu amor, às vezes não consigo diferenciar nostalgia e preguiça. Parece que tudo se conjuga em mim, em simultâneo e indistintamente. Nessas ocasiões protejo-me na sombra, do calor e dos outros. Contrato a solidão para companhia mais próxima. Esqueço a savana, as corridas, o cheiro da terra e do sangue, a música das tardes lentas, o ritmo do cerco. Enquanto permanência, tu e a tua guarda são as minhas únicas certezas. Ausento-me, suspendo os olhos, os sentidos. Os meus olhos a contraluz, a brilhar, esqueço-me deles, se o sol não os golpeia. Serão bonitos?, os meus olhos, ou serão apenas a guia da necessidade que me preenche?

referência

2006/2022 - Eliz B. (danada composta e padecida por © Sérgio Faria).