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O livro dos livros

Histórias e revisão de histórias, por Eliz B. 

21 junho, 2009


O livro das continuações

# xxii
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Sou vulnerável às coisas e ao nome das coisas. Por isso inscrevo-me no corpo e, como repetição, marco-o com sinais que desejo mostrar. Uso-me, sem discrição. Cá dentro, sem os imponderáveis das remessas tardias e da correspondência transviada, creio que a sociedade não muda por exortação. Evito a narrativa dos exemplos e das encomendas, não sou capaz de empolgar-me com isso. Permaneço quem sou, sozinha e habitada. Porque o calor das tardes voltou, tento esconder-me no chão e padecer aí, como os animais. Esfrego-me no soalho e demoro-me em contacto com a pele, a refrescar, a assumir a culpa, sem necessitar de esboçar sentimentos que não tenho. Canso-me da morte, não consigo gostar de cemitérios. A mágoa não me aflige, articulo-a em devesas, às vezes em palavras, nunca em abismo com fundo demasiado profundo. Prefiro o mal à vista, a dor domiciliada em vez de perdida ou sem paradeiro. Prefiro a superfície, a ferida ou a fractura exposta, o que não está oculto nas coisas ou no nome das coisas. Com frequência engano-me nas sequências. Há muito tempo que deixei de memorizar números de telefone. Já esqueci o teu. Agora, se quisesse falar contigo, teria que consultar a agenda. O calor não me permite tal vontade, é terapêutico. Admito a espera, o que no caso é um modo de continuação. Longe de ti sinto-me justa. E sem desejo ou necessidade de regressar. A hemorragia interna foi estancada. O período de convalescença terminou. Mudei de vícios.


2006/2022 - Eliz B. (danada composta e padecida por © Sérgio Faria).